sexta-feira, 30 de abril de 2010

XYZ_Coordenadas Musicais_#12_Bonobo_The Keeper feat. Andreya Triana

Bonobo - The Keeper feat. Andreya Triana from sputnika on Vimeo.



Mais uma fresquinha :), adoro todo o conjunto reunido, mas o subtil xilofone é o que mais me encanta.

Bom!! Yaum al-Ahad (Domingo Árabe) :)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

#04_Fracção de Segundo



"Hay que endurecer-se pero sin perder la ternura jamas!"

- Ernesto Guevara de La Serna -

Fotografia: Rene Burri

quarta-feira, 28 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Mark Twain

Fez a semana passada 100 anos que morreu este grande senhor! Samuel Langhorne Clemens nasceu na localidade de Flórida, Missouri, o terceiro dos quatro filhos sobreviventes de John e Jane Clemens.
Ainda bebê, mudou-se com a família para a cidade ribeira de Hannibal, também no Missouri. Foi deste lugar e de seus habitantes que o autor Mark Twain tiraria a inspiração para seus trabalhos mais conhecidos, especialmente "As Aventuras de Tom Sawyer" ("The Adventures of Tom Sawyer") (1876).
O pai de Clemens morreu em 1847 de pneumonia, deixando muitas dívidas. O filho mais velho, Orion, logo começaria um jornal, e Samuel passou a contribuir como jornaleiro e escritor ocasional. Algumas das histórias mais espirituosas e controversas do jornal de Orion vieram do lápis de seu irmão caçula – normalmente quando o dono estava fora da cidade.
Mas a tentação do Rio Mississippi eventualmente levaria Clemens à carreira de piloto de barcos a vapor, uma profissão que ele mais tarde afirmaria levar consigo até o fim de seus dias, recontando suas experiências no livro "Life on the Mississippi" (1883). Mas a Guerra Civil e o advento das estradas deram fim ao tráfego comercial de barcos a vapor em 1861, e Clemens teve de procurar um novo emprego.Pensou até ir pro Brasil,mas desistiu da idéia.
Depois de um breve período como membro de uma milícia local (experiência relembrada em 1865 em seu conto "The Private History of a Campaign That Failed"), ele escapou de um contato mais aprofundado com a guerra ao seguir para o oeste em Julho de 1861 com Orion, que acabara de ser nomeado secretário do governador territorial de Nevada. Os dois viajaram por duas semanas atravessando as planícies numa diligência até a cidade mineira de Virginia City. O autor sustentava que o nome "Mark Twain" vinha da época em que trabalhou em barcos a vapor; era o grito que os pilotos fluviais emitiam para marcar (mark) a profundidade das embarcações. Acredita-se que o nome na verdade tenha vindo de seus dias de abandono no oeste, quando ele pedia dois drinks e falava para o atendente do bar "marcar duplo" ("mark twain") em sua conta. A origem verdadeira é desconhecida.
“Daqui a alguns anos estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Solte as amarras! Afaste-se do porto seguro! Agarre o vento em suas velas! Explore! Sonhe! Descubra!” Mark Twain

#03_Fracção de Segundo




Oiça lá ó senhor vinho,
vai responder-me, mas com franqueza:
porque é que tira toda a firmeza
a quem encontra no seu caminho?

Lá por beber um copinho a mais
até pessoas pacatas,
amigo vinho, em desalinho
vossa mercê faz andar de gatas!

É mau procedimento
e há intenção naquilo que faz.
Entra-se em desequilíbrio,
não há equilíbrio que seja capaz.

As leis da Física falham
e a vertical de qualquer lugar
oscila sem se deter
e deixa de ser perpendicular.

"Eu já fui", responde o vinho,
"A folha solta a bailar ao vento,
fui raio de sol no firmamento
que trouxe à uva, doce carinho.

Ainda guardo o calor do sol
e assim eu até dou vida,
aumento o valor seja de quem for
na boa conta, peso e medida.

E só faço mal a quem
me julga ninguém
e faz pouco de mim.
Quem me trata como água
é ofensa, pago-a!
Eu cá sou assim."

Vossa mercê tem razão
e é ingratidão
falar mal do vinho.
E a provar o que digo
vamos, meu amigo,
a mais um copinho!

"Eu já fui", responde o vinho,
"A folha solta a bailar ao vento,
fui raio de sol no firmamento
que trouxe à uva, doce carinho.

Ainda guardo o calor do sol
e assim eu até dou vida,
aumento o valor seja de quem for
na boa conta, peso e medida.

E só faço mal a quem
me julga ninguém
e faz pouco de mim.
Quem me trata como água
é ofensa, pago-a!
Eu cá sou assim."

Vossa mercê tem razão
e é ingratidão
falar mal do vinho.
E a provar o que digo
vamos, meu amigo,
a mais um copinho!

--------------

Música de Amália Rodrigues

Fotografia: Robert Doisneau,Paris, 1952


A crise não apagou o charme de Buenos Aires, presente no eterno Tango, na vasta oferta cultural, nos seus belos edifícios que simbolizam as revoluções e vários períodos da sua história (que lhe valeram em 2005 a distinção pela UNESCO de Cidade do Design) , na sua agitada vida nocturna e principalmente na sua principal orientação: Buenos Aires continua a ser hoje uma cidade virada para o turismo.


O elevado nível cultural da cidade pode ser apreciado na sua vasta oferta de museus, teatros e bibliotecas. A Avenida Corrientes, em cujos bares e cafés tradicionais se desenvolveu o tango, em meado do século XX, é a que mais se destaca. Nela encontramos alguns dos teatros de maior importância, como o centenário Teatro Colón (dos mais famosos teatros de ópera do mundo), o Teatro General San Martín, o Teatro Alvear, o Teatro Alvear, o Teatro Alvear entre outros.

Só em Buenos Aires podemos visitar 129 museus, para além de ser o maior centro editorial do país, um centro universitário de grande importância e possuir bibliotecas com mais detrês milhões de exemplares. Nos alfarrabistas da Avenida de Maio e da Avenida Corrientes podemos inclusivamente encontrar exemplares das primeiras edições de grandes obras-primas da literatura sul-americana.

O centro histórico da cidade concentra os locais mais procurados por quem a visita. A cidade que começou a ser construída à volta da Praça de Maio (baptizada pela Revolução de Maio) conta a sua história em cada traço da sua arquitectura. Lá estava instalado o poder colonial e agora o Poder Executivo da Argentina, na Casa Rosada (antigo forte). A norte da praça podemos visitar a imponente Catedral Metropolitana, a Oeste o Cabildo (outra antiga estrutura colonial) e a Sul o antigo congresso da nação, agora transformado em Academia Nacional de História, estando ainda em seu redor instalados edifícios históricos como a Casa da Cultura, o Palácio Barolo e o Café Tortoni.

havemos de ir a Viana... mas também a San Telmo e à sua feira onde o tango ecoa pelo ar... Sim, havemos...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

XYZ_Coordenadas Musicais_#11_Jack Johnson_You And Your Heart



Esta é para todos os surfistas deste blog :)

Berlengas...

Meus amigos, hoje fui à Berlenga.
Estreei-me…
A Anabela, que nunca me leva a lado nenhum, encheu-se de coragem e lá fomos nós… Bem, na realidade fomos convidados por uns amigos para um piquenique, almocinho ou lanchinho, whatever, na Berlenga. Apenas isso. O tempo só daria para isso, pois a saída estava marcada para as 11h30 e regresso às 14H30. Curto…
Duas coisas ressaltam desta aventura: a viagem e a Berlenga.
A viagem, que até não foi agitada, levou-me a pensar no quão dura é a vida de quem tem de viver do mar, principalmente os pescadores. A viagem foi curta, o mar estava calmo… Mas, e quando assim não é? E quando a viagem dura dias e a agitação é forte? Dá que pensar…
A Berlenga…
A estadia foi curta mas marcante. Águas cristalinas e nesta altura, em que os chorões estão floridos, a paisagem é realmente bonita. Não sou Berlengueiro, mas esta curta estadia abriu o apetite para uma nova trip em que inclua uma pernoita. Quem alinha? Já agora também são da opinião que a viagem de regresso custa menos que a de ida, e que é mais rápida? E já agora quem sabe o verdadeiro nome do farol? Quem acertar ganha uma bomboca...


domingo, 25 de abril de 2010

XYZ_Coordenadas Musicais_#11_Megafaun_His Robe

Megafaun - His Robe / A Take Away Show from La Blogotheque on Vimeo.



Será que os "freaks" curtem mais que nós ?

Poemas soltos # 2

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Viva a Liberdade!!!

sábado, 24 de abril de 2010

#02_Fracção de Segundo




“(…) Agora, vamos voltar os nossos pensamentos para o céu.

- Quer dizer, como os pássaros de que me falou?

- Isso mesmo Walt, tal e qual os pássaros.

- Está a dizer-me que esse seu projecto se mantém de pé? Que continua a encará-lo de uma forma… enfim… séria?

- Mais séria não poderia ser. Estamos prestes a chegar ao décimo terceiro degrau. Se cumprires à risca todas as minhas instruções, estarás em condições de voar no Natal do próximo ano.

- O décimo terceiro degrau? Quer dizer que eu já subi doze degraus?

- Exacto, doze. E subiste-os triunfalmente… !

- Eh lá, que me barbeiem já as amígdalas… ! E eu não fazia a menor ideia… Tem andado a esconder-me certas coisas, patrão…

- Eu só te digo aquilo que precisas saber. O resto é comigo.

- Doze degraus, hã? E quantos degraus é que ainda faltam?

- Ao todo são trinta e três.

- Se eu subir os doze degraus seguintes tão depressa como subi os primeiros, então chegarei num instante à recta final da corrida.

- Não chegarás tão depressa, garanto-te. Podes achar que sofreste muito até agora, mas podes ter a certeza de que isso não é nada comparado com o que te espera.

- Os pássaros não sofrem. Abrem as asas e, pronto, voam. Se eu tenho o dom, como o mestre diz, não vejo por que razão é que há-de ser tão difícil.

- Porque, mau cabecinha de abóbora, tu não és um pássaro, és um homem. E, para tu te ergueres do chão, teremos de abrir os céus ao meio.

Teremos de virar do avesso todo o universo.

- Paul Auster, in Mr. Vertigo -

Fotografia: Winogrand, Garry_Untitled, 1950s

Porque hoje é o primeiro dia...

A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida



Obrigado e boa noite

sexta-feira, 23 de abril de 2010

XYZ_Coordenadas Musicais_#10_Federico Aubele_Esta Noche

Federico Aubele - Take Away Show - Esta Noche from valerie toumayan on Vimeo.



Cerca de cinco minutos da mais alta qualidade e tranquilidade, com o Argentino, Federico Aubele em Paris.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Memórias...

Chegavas todos os anos por meados de Março, por alturas da Páscoa, eras tu quem marcava o tempo, vinhas vestida de preto e branco parece que tinhas acabado as férias pois começavas logo a trabalhar, a construção era a tua ocupação, o sitio estava marcado era naquele beiral de telhado, naquela escola velhinha caiada de branco tinhas a terceira telha da esquerda. Assim que chegavas com os teus voos rasantes era altura de começar a arrumar a roupa quente para dar lugar á roupa fresca, aos calções com três faixas de cores vivas, ás t-shirts com palmeiras que me chegavam de um porto longicuo trazidas por um velho marinheiro. A escola estava a acabar o calor apertava, começava o tempo do berlinde, depois vinha o peão e as descidas de precianas ou de caixas de leite do dia, roubadas á dona Maria da mercearia. As nespereiras começavam a dar fruto e daí as dores de barriga e as corridas á frente do dono da dita árvore. A praia essa chamava por nós, o alcatrão derretia por baixo dos pés descalços em direcção á areia, essa areia que nos aquecia o corpo e a alma era a nossa toalha, vinham os gelados de gelo, as migalhas das bolachas americanas, os lanches retirados por baixo das barracas dos banhistas, os kms percorridos praia fora procurando mais uma lata para a colecção, a noite caía lentamente, o sal entranhado no corpo mas ainda havia tempo para tocar a mais uma campainha, para mais uma jogada de escondidas, para mais um curá curá e depois de dias assim uns tabefes e chi chi cama. Hoje já nada disto faz sentido, as crianças já não brincam na rua, não andam descalças porque transmite doenças, não roubam fruta, porque se roubassem não levavam um tabefe, eram levados ao psicólogo porque estavam com um trauma qualquer, não comem gelados de gelo, o alcatrão já não derrete, as toalhas de praia são de marca, não tocam ás campainhas, enfim... Tenho orgulho e saudades deste tempo! Não quero com isto dizer que quem viveu nesta época seja melhor ou pior do que as crianças de hoje apenas somos diferentes, assim como o somos em relação aos nossos pais e avós. Tanta coisa mudou, umas para melhor outras para pior a meu ver, mas tu não mudaste continuas a chegar cheia de energia com os mesmos voos rasantes e ainda lá tens o teu lugar o teu beiral na escola velhinha a terceira telha a contar da esquerda!!!

Super

E com esta preciosidade adormeci :)

Espero que passes este link ao Pedrocas...

http://www.facebook.com/group.php?gid=117176811641393&ref=nf

Pakistan, Portugal and Lebanon






Ontem foi um dia muito especial…. fui convidado para o meu primeiro encontro social, jantar na casa do meu amigo Zakaria (Libanês), tudo isto porque a sua mulher chegou à cerca de duas semanas e como tal, este quiz comemorar connosco essa boa nova.

Quanto à mulher do Zakaria nem o pano (abaia = burqua) lhe vi pois a religião não permite que tal aconteça, resumindo, foi um jantar a três….. eu o Zakaria e o Zuckeb (Paquistanês), rimos bastante de tal forma que até me começou a doer a cabeça, acho que é da falta de hábito :) Valeu a pena…...

(Zakaria de Preto, Zuckeb de Castanho)

PS:
Ainda fui à casa de banho 2 vezes com a esperança de ver a “Libanesa”, mas tal não possível, à falta de melhor deixo a Lebanese Blonde dos Thievery Corporation :)

XYZ_Coordenadas Musicais_#09_Thievery Corporation_Lebanese Blonde

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Olhar do dia #4


A minha bicicleta
só tem dois pedais
mas se monto nela
não tem dois, tem mais !
A minha bicicleta
tem um guiador
quando monto nela...
...sou aviador!
No jardim onde ando
não vejo um canteiro...
sou aviador,
vejo o mundo inteiro
Voo mesmo a sério !...
Por cima das árvores
(não toco no chão!)
voo mesmo a sério
vou de avião...
A minha bicicleta
também tem selim
mas eu nem me sento,
gosto mais assim :
Pedalo em pé
dá mais rapidez
a minha bicicleta
é o que tu vês:
É um avião,
pois eu não te digo?!
Da próxima vez...
Da próxima vez
Levo-te comigo?

Fernando Miguel Bernardes


Foto por Heráclito

Poemas Com Sal #1

Pirata
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento com os mastros
E de me abrir na brisa com as velas,
E há momentos que são quase esquecimento
Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,
A minha amada é onde os roseirais dão flor,
O meu desejo é o rastro que ficou das aves,
E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.


Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na rua tal ..............

Na rua tal há uma pacata residencial com nome de cidade ancestral. Ou “a pensão do coração” como lhe chama o patrão da menina Assunção.
Há uma lojeca de ortopedia moderna, com imagens de morfologia externa e uma prótese de perna.
E depois há um velho baeta forreta (que ao que consta também é proxeneta) promete penteados aperaltados e rostos bem escanhoados, por uma nota preta.
Vizinho da velha garagem da Castrol, onde se vê futebol ao lado do calendário de uma tipa nua, só de cachecol.
O alfarrabista fez-se à pista para se dedicar ao comércio de alpista ou para ser artista (já não sei). Livros sobre educação sexual, manuais para o estudante mais anormal, literatura ocidental, o almanaque animal e até o folhetim imoral, esperam novo dono com capital.
A cabeleireira Tila, é dona tranquila mas tem um filho reguila que aniquila a freguesia que ela depila com cera de argila.
Só falta a boite profana, onde o Aníbal conheceu a Ana, essa cinquentona balzaquiana, ex-paroquiana ovolactovegetariana.
E a tasca da esquina, onde a cozinheira é uma marroquina albina e franzina, que faz ordinarices em plasticina.

- LeCool Mag #235-

domingo, 18 de abril de 2010

XYZ_Coordenadas Musicais_#08_Gotan Project_La Gloria

GOTAN PROJECT - La Gloria from Ya Basta records on Vimeo.





São por estas razões que a música me fascina, assim como o Árabe que vive algures aqui no prédio, por partilhar a sua net wireless comigo :)

Esta grande malha musical só tem saída oficial para o mercado amanhã, mas o maravilhoso mundo on-line já está a partilhar.

Os Gotan Project são uns “monstros” no que toca à arte musical que difundem e este single de apresentação fala por si “La gloria”.

“La gloria” é inspirada num periodista desportivo Sul Americano, Victor Hugo Morales (Uruguaio), que com o seu estilo particular incendeia a rádio Argentina… deixo um pequeno trecho do seu entusiasmante relato ao golo de Maradona no mundial de 86, frente à Inglaterra.

"...la va a tocar para Diego, ahí la tiene Maradona, lo marcan dos, pisa la pelota Maradona, arranca por la derecha el genio del fútbol mundial, y deja el tendal y va a tocar para Burruchaga... ¡Siempre Maradona! ¡Genio! ¡Genio! ¡Genio! ta-ta-ta-ta-ta-ta... Goooooool... Gooooool... ¡Quiero llorar! ¡Dios Santo, viva el fútbol! ¡Golaaaaaaazooooooo! ¡Diegooooooool! ¡Maradona! Es para llorar, perdónenme ... Maradona, en una corrida memorable, en la jugada de todos los tiempos... barrilete cósmico... ¿de qué planeta viniste? ¡Para dejar en el camino a tanto inglés! ¡Para que el país sea un puño apretado, gritando por Argentina!... Argentina 2 - Inglaterra 0... Diegol, Diegol, Diego Armando Maradona... Gracias Dios, por el fútbol, por Maradona, por estas lágrimas, por este Argentina 2 - Inglaterra 0".

Viva “La gloria” !!!!!!!!!!!!!!

sábado, 17 de abril de 2010

Liliana Ponce

Liliana Ponce não esqueceu o seu casaco no salão de chá

Liliana Ponce nem estava de casaco

(No Rio de Janeiro fazia um belíssimo dia de sol e dava gosto olhar cada ferida exposta na pedra)

Liliana Ponce, consequentemente, não teve que voltar às pressas para a casa de chá

(a garçonete com cara de flautista da Sinfônica de São Petersburgo não veio nos alcançar à saída acenando um casaco esquecido)

Desse modo Liliana Ponce chegou a tempo de pegar o avião

Partiu para a Argentina


Carlito Azevedo
(Brasil, 1961)
A poesia andando: treze poetas no Brasil
(Cotovia, 2008)

Para ouvir alto!!!


Kumpania Algazarra

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Olhares_Revisited #02




"Deixar de fumar é a coisa mais fácil do mundo. Sei muito bem do que se trata, já o fiz cinquenta vezes."

- Mark Twain -


Foto por: Carvalho, Élio

XYZ_Coordenadas Musicais_#07_Marcelo D2_Desabafo

Marcelo D2 - Desabafo (Beat by Nave) from Nave on Vimeo.




Amo a música, para onde quer que vá, ela anda atrás de mim nunca me deixando soltar ou cortar as cordas às minhas emoções ou princípios..... a música é fiel, nunca me deixa afastar das emoções já vividas e sentidas pelos acordes, nunca me deixa sair de casa ......

Bom dia a todos, não deixem de ouvir música, façam como eu, rádio no máximo e puta que pariu aos problemas, está a abanar o esqueleto e a cantar no meio do trânsito como um louco :)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

#01 Do fundo do baú_Popeye the Sailor Man



Desde a música, aos personagens, aos recursos da altura.......... uma maravilha.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Preciso do mar!


Solidão

Estás todo em ti, mar, e, todavia,
como sem ti estás, que solitário,
que distante, sempre, de ti mesmo!

Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas, como os meus pensamentos,
vão e vêm, vão e vêm,
beijando-se, afastando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se.

És tu e não o sabes,
pulsa-te o coração e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar solitário!

Juan Ramón Jiménez
Foto por Heráclito

Mar!

XYZ_Coordenadas Musicais_#06_Ben Harper_Diamonds on the Inside

Ben Harper -Diamond On The Inside from Ignorante Cento on Vimeo.




Tenho saudades do mar, nunca fui surfista, pescador ou membro de alguma instituição marinha, mas nasci com os olhos postos no atlântico. Em garoto fugia da escola com rumo certo, ia a banhos muito longe da costa, mesmo sem saber nadar, tirava roupa dos estendais mais próximos e abandonava a minha indumentária interior, para que esta não mancha-se de sal as roupas secas. Passava horas ao sol, comia gelados de gelo e apanhava pulgas do mar, voltava a banhos e enrolava-me na areia até ficar irreconhecível.

Um dia esse mar quis-me subtrair a vida, mas não conseguiu … hoje encontro-me no deserto e tenho saudades do mar, do cheiro, do barulho, da areia, das aves, das algas, das pedras, das espumas …………

Gostava que este me surpreendesse e entrasse pela janela obrigando-me a nadar.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Olhares_Revisited #01




Quantas estradas precisará um homem andar
Antes que possam chamá-lo de um homem?
Sim e quantos mares precisará uma
pomba branca sobrevoar
Antes que ela possa dormir na areia?
Sim e quantas vezes precisará
balas de canhão voar
Até serem para sempre abandonadas?


Quantos anos pode existir uma montanha
Antes que ela seja lavada pelo mar?
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não vê?


Quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Até poder ver o céu?
Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter
Até que ele possa ouvir o povo chorar?
Sim e quantas mortes custará até que ele saiba
Que gente demais já morreu?

A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento."

- Bob Dylan (Blowin' In The Wind) -

Foto por: Carvalho, Èlio

XYZ_Coordenadas Musicais_#05_Bob Dylan_Blowing in the wind

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Olhar do dia # 3 Namorados


ELES ERAM mais antigos que o silêncio
A perscrutar-se intimamente os sonhos
Tal como duas súbitas estátuas
Em que apenas o olhar restasse humano.
Qualquer toque, por certo, desfaria
Os seus corpos sem tempo em pura cinza.
A Remontavam às origens — a realidade
Neles se fez, de substância, imagem.
Dela a face era fria, a que o desejo
Como um hictus, houvesse adormecido
Dele apenas restava o eterno grito
Da espécie — tudo mais tinha morrido.
Caíam lentamente na voragem
Como duas estrelas que gravitam
Juntas para, depois, num grande abraço
Rolarem pelo espaço e se perderem
Transformadas na magma incandescente
Que milénios mais tarde explode em amor
E da matéria reproduz o tempo
Nas galáxias da vida no infinito.

Eles eram mais antigos que o silêncio...

Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
Foto por Heráclito

Carta a um amigo_Parte 2

Não fomos amigos de infância, mas podíamos ter sido, convidar-te-ia para jogar à bola, não com a minha porque nunca tive nenhuma, gostava mais da dos outros. Não andámos na escola e se calhar ainda bem, porque se calhar passávamos mais tempo fora dela, sei que se nos tivéssemos cruzado nesses tempos, tínhamos chupado o sangue das feridas do momento, sentido o amargo do sangue ou tínhamos reservado as mesmas para o primeiro cão que aparece-se.

Quando li este texto vieram-me as lágrimas aos olhos, sequei-as, e de súbito um enorme sorriso me invadiu.


Foi no dia em que me pediste para escrever algo sobre ti, que senti estar perto do meu melhor amigo…….. de forma automática surgiram os episódios e da mesma forma surgiu o meu maior respeito, carinho e consideração por ti.


Nesta epopeia que é a vida, um dia estamos por cima, outro dia estamos por baixo, pode falhar tudo, a orientação, o pensamento, o raciocínio, a lógica, etc…… Mas a luz, a força e a determinação fazem de nós seres impares e sedentos de desafios, nunca perdendo os pormenores, os detalhes, porque é neles que reside a genuidade, são neles que se encontra o sumo.


Ainda não fomos a todos esses sítios, mas dêem-nos tempo….. “se o meu coração não me engana, havemos de ir a Viana”, havemos de andar de burro algures na Sicília, havemos de atravessar o deserto de Itacama, ver as Pampas Argentinas, comer coisas irreconhecíveis em Banguecoque ou Saigão, fazer o Transiberiano, dançar o Hula, ver uma migração de gafanhotos, pedir um café com leche ou um café solo, saltar de uma ponte todos nus e sentir a corrente do rio… lutar contra ela e nada fazer porque não vale a pena, o segredo é deixar ir………….ir até que o turbilhão nos acalme e traga de volta ao acampamento improvisado na margem, fazer uma fogueira com a lenha seca e esperar pelo por do sol.


Havemos de nos encontrar em breve, se assim o divino permitir, se não, não faz mal, já valeu a pena ter vivido e sentido uma amizade de verdade.
Um grande abraço, meu amigo e até breve…..

PS: Temos que convidar o Peter, sinto que ele também pode fazer parte deste sítio, mas com a condição de se chamar Joe Harper.

Deixo uma musiquinha para animar o nosso spot.

XYZ_Coordenadas Musicais_#04_Fat Freddys Drop_Mr. Boondigga

domingo, 11 de abril de 2010

Olhar do dia #2 Surf

A vida é um milagre!!!

Carta ao amigo!

Não és meu amigo de infância, tão pouco de escola ou faculdade, és sim sem seres do sangue, meu irmão, amigo para a vida, cúmplice, camarada, confidente, conselheiro!
Neste teatro que é a vida sempre estiveste na primeira fila a contribuir, a apoiar, estiveste lá mesmo até quando a minha actuação não era a mais brilhante, quando a sala estava vazia e eu olhava em frente e no vazio e escuro do teatro, lá estavas tu!
È por estas e por outras que gosto de ti, que tenho um enorme orgulho de me ter cruzado contigo no plateu desta vida. Juntos já corremos meio mundo, já fizemos trekking nas montanhas da Mongólia, já partilhámos um charuto em Cuba, bebemos um martini numa piazza de Florença, corremos pelos campos da Toscana, dançámos ao som de Piazzola pelas ruas de San Telmo, colhemos azeitonas numa ilha grega, petiscamos umas tapas nas Ramblas, estivemos juntos a ver barcos partir no porto de Nápoles,ouvimos Kusturica pelas ruas da Sérvia, vimos nascer o sol na Nova Zelândia, bebericamos um chá no deserto, na prática não fizemos nada disto mas contudo é esta a beleza da nossa amizade, sonhar! Tens o poder de de me fazer sonhar! Gosto de ti meu irmão, estou á tua espera para beber uma cerveja na taverna do Beliche, saltar valados, calcorrear as ruas de Lisboa numa 4l, passar horas a fotografar tudo e coisa nenhuma, rir, dançar, chorar, no fundo falar de tudo e de coisa nenhuma, viver a vida porque a vida é um milagre!!! Até já.

Globalizacion

Hijo de inmigrantes rusos casado en Argentina con una pintora judía, se casa por segunda vez con una princesa africana en Méjico.
Música hindú contrabandeada por gitanos polacos se vuelve un éxito en el interior de Bolivia.
Cebras africanas y canguros australianos en el zoológico de Londres.
Momias egipcias y artefactos incas en el Museo de Nueva York.
Linternas japonesas y chicles americanos en los bazares coreanos de San Pablo.
Imágenes de un volcán en Filipinas salen en la red de televisión de Mozambique.

Armenios naturalizados en Chile buscan a sus familiares en Etiopía.
Casas prefabricadas canadienses hechas con madera colombiana.
Multinacionales japonesas instalan empresas en Hong-Kong y producen con materia prima brasilera para competir en el mercado americano.
Literatura griega adaptada para niños chinos de la Comunidad Europea.
Relojes suizos falsificados en Paraguay vendidos por camellos en el barrio mejicano de Los Ángeles.
Turista francesa fotografiada semidesnuda con su novio árabe en el barrio de Chueca.

Pilas americanas alimentan electrodomésticos ingleses en Nueva Guinea.
Gasolina árabe alimenta automóviles americanos en África del Sur.
Pizza italiana alimenta italianos en Italia.
Niños iraquíes huídos de la guerra no obtienen visa en el consulado americano de Egipto para entrar en Disneylandia.

- XYZ_Coordenadas Musicais_#03_Toots & The Maytals_Funky Kingston



Já mordi muita gente ao som desta música :)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

#01_Fracção de Segundo




"Elvis has left the building."
Frase usada por locutores ao fim de cada apresentação para dispersar os jovens excitados.

Foto: Alfred Wertheimar, Nova York, 1956)

- XYZ, Coordenadas Musicais – #02_Manu Chao_La vida es una Tombola



Por ter falado em Kusturica's, ontem visualizei o documentário que realizou sobre o Maradona. Fiquei deslumbrado com tamanha arte desse Astro futebolístico e no fim do documentário, aparece esta pérola do também grande Manu Chao.

Que belo trio de ataque Kusturica / Maradona / Manu Chao :)

PS: Vê o doc, vale a pena.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Olhar do dia #1 Sabedoria



"A sabedoria é a única riqueza que os tiranos não podem expropriar"
Khalil Gibran

O povo....

“(…) Este povo, que tanto espera do céu, olha pouco para o alto onde diz que o céu é. Anda gente a trabalhar nos campos, as pessoas, nas aldeias, entram e saem das casas, vão para o quintal, à fonte, agacham-se atrás de um pinheiro, só uma mulher que estava deitada num restolho com um homem em cima de si cuida de ver qualquer coisa a passar no céu, mas julga serem visões próprias de quem está a gostar tanto (…)

- José Saramago, in Memorial do Covento -

Este pequeno trecho fez-me lembrar o homem azul dos filmes do Kusturica, não o encontrei, só a nossa querida Bubamara.....

- XYZ, Coordenadas Musicais – #01_Emir Kusturica_Bubamara



Um hino à vida :)

Tom and Finn

Este maravilhoso Blog, nasce da necessidade falhada de querer unir uma seríe de amigos em torno de uma página Web. Visto que tal investida foi mal sucedida, decidimos Tom and Finn (parece o nome de um duo romântico) criar o nosso blog.

Agora perguntam vocês:

- Ah !!! Mas o Tom nos Blogs anteriores não colaborou……
- Desculpem a ousadia mas o Tom é o Tom, é diferente dos outros.

Bem-vindos os mirones, se é que existem………

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Liberdade!!!


Antes que a ideia de Deus esmagasse os homens, antes dos autos de fé, das perseguições religiosas da Inquisição e do fundamentalismo islâmico, o Mediterrâneo inventou a arte de viver. Os homens viviam livres dos castigos de Deus e das ameaças dos Profetas: na barca da morte até à outra vida, como acreditavam os egípcios. E os deuses eram, em vida dos homens, apenas a celebração de cada coisa: a caça, a pesca, o vinho, a agricultura, o amor. Os deuses encarnavam a festa e a alegria da vida e não o terror da morte.

Antes da queda de Granada, antes das fogueiras da Inquisição, antes dos massacres da Argélia, o Mediterrâneo ergueu uma civilização fundada na celebração da vida, na beleza de todas as coisas e na tolerância dos que sabem que, seja qual for o Deus que reclame a nossa vida morta, o resto é nosso e pertence-nos – por uma única, breve e intensa passagem. É a isso que chamamos liberdade – a grande herança do mundo do Mediterrâneo.


(...) Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.

Miguel Sousa Tavares, in 'Não Te Deixarei Morrer, David Crockett '
Foto por, Heráclito.

Porque enquanto houver ventos e mares....

Parabens Amigo Èlio!!!